13 de fevereiro de 2012

Mais um aumento, eu não aguento!

Por Murilo Borges
Estudante da FESPSP
e morador de SBC.

 
A cada ano que passa os Estados e a União batem recordes na arrecadação de impostos, acompanhados de um crescimento cada vez maior do PIB nacional. Mesmo com essas grandezas temos uma alta inflação, resultando no encarecimento e na dificuldade do modo de vida dos trabalhadores que, por muitas vezes, se sustentam com um ou dois salários mínimos.

Contraditoriamente a essas grandezas bilionárias em que o Brasil detém um crescimento econômico na ordem de 4,3% ao ano, com aumento do salário mínimo em 12,4% (e com a promessa de sofrer um aumento percentual a cada ano), tem-se a impressão – equivocada, de que este aumento irá melhorar a qualidade de vida da população, o que acaba por não ocorrer devido às altas taxas de inflação.

Até o mês de fevereiro do ano de 2012 a inflação acumulada é de 7,23% (IPC), o que faz com que produtos e serviços tenham um elevado aumento em seus preços, gerando total descontentamento da população. Este descontentamento se dá pela diminuição do seu poder de compra que, por muitas vezes, se resume a itens de necessidade básica como alimentação, locomoção, vestimenta e habitação.

Assim, o aumento do salário mínimo acaba sendo uma ilusão; uma jogada política para dar a impressão de que o poder de compra do brasileiro está maior e está sendo mais valorizado. Entretanto, o que poucos vêem é que inflação e o reajuste do salário mínimo são grandezas proporcionais, de maneira que quando um cresce o outro também aumenta, ou seja, o resultado continua o mesmo.

Por fim, um dos setores mais atingidos pela inflação é o transporte público, que cada vez mais é explorado de maneira estratégica pelo poder público e pelos grandes empresários, que inserem tarifas cada vez mais abusivas e reajustes absurdos visando somente um objetivo: o lucro desmedido.
Em São Paulo e no Grande ABC temos, atualmente, verdadeiros cartéis formados pela associação do poder público com os empresários. Diz-se “transporte público”, mas na verdade não passam de concessões cedidas pelo Estado para empresas privadas que acabam por ter grande parte dos lucros. Nesta situação, a expressão “transporte público” passa a ter outro significado, isto é, “público” porque usado pelo povo e não porque oferecido pelo Estado em condições de uso adequado.

Essa união entre o poder público e os empresários do setor é extremamente danosa já que ambos detêm o poder de decisão sobre qualquer quesito no transporte coletivo como, por exemplo, as tarifas. Podem e realizam com freqüência reajustes extremamente repugnantes, que somente serão interrompidos pela pressão popular, pois o Estado, que deveria regular essas ações, é passivo e compartilha dessas manobras pra aumentar seus lucros.
Desde 2008, uma serie de aumentos vem acontecendo anualmente, tanto na capital de São Paulo quanto no Grande ABC. Atualmente, o aumento tarifário foi de 5,57%, em média, nos ônibus intermunicipais, metrôs, trens e trólebus. No ano passado ocorreu um aumento em todas as linhas de transportes coletivos, em torno desse mesmo valor. Apesar de todos estes aumentos, os meios de transporte público continuam precários, com atrasos, poucas linhas e super lotação. Por que haveríamos de pagar mais por um serviço que não atinge as necessidades mínimas dos brasileiros?

As empresas alegam descaradamente que a inflação acumulada, o preço das peças, sua manutenção e o preço dos combustíveis estão mais caros, e por conta disso há a necessidade de aumentar a tarifa.
A receita obtida dos lucros dos transportes coletivos chega a ser exorbitante: basta relacionar o número de passageiros por dia, com o valor deixado nas catracas.

Sempre quando tem um aumento na passagem de ônibus, estudantes e trabalhadores se organizam para tentar barrar tais aumentos. Já tivemos grandes manifestações contra aumentos das passagens, movimentos históricos como Revolta do Buzu em Salvador e a Revolta da Catraca em Florianópolis. Quando a passagem em São Paulo foi para 3,00 tornando a passagem mais cara do país tiveram grandes mobilizações de até 6 mil pessoas no centro da cidade. Ano passado estudantes barraram os aumentos em algumas cidades do país.
 





Veja o vídeo de convocação do Ato Nacional Contra o Aumento das Passagens deste ano, clique aqui.


Em São Bernardo nos anos 90 os estudantes com grande pressão popular, mobilizações e acampamentos na Câmara Municipal conseguiram aprovar a Lei do Passe Livre, pórem o prefeiro da época, Mauricio Soares (hoje no governo Marinho - PT) vetou por duas vezes o projeto. Nesse sentido queremos resgatar a luta dos estudantes do ABC somado a necessidade do Passe Livre Estudantil e uma resposta aos aumentos absurdos no transporte público metropolitano com o lançamento de uma campanha contra estes aumentos e pelo Passe Livre. Com uma coleta de assinaturas e atos públicos queremos colocar o debate do transporte público em pauta no ABC! Estamos cansados de aumentos nas passagens de ônibus e trolebus. Para aumentar o ataque o Governo Estadual junto com a EMTU ameaçam acabar com a integração nos terminais Diadema e Piraporinha. Não podemos aceitar de braços cruzados!

Mãos à obra!